Revista Fisenge Em Movimento nº27

Revista Fisenge Em Movimento nº27

ENGENHARIA E RESISTÊNCIA

 

Este ano, a Fisenge comemora seu Jubileu de Prata pelos 25 anos de fundação. Acumulamos uma longa e vitoriosa trajetória coletiva de resistência e luta pelos direitos dos trabalhadores. A história da Fisenge acompanha a história do Brasil. A nossa federação surge na esteira do novo sindicalismo com a explosão de greves em todo o país e a posterior criação da CUT, a Central Única dos Trabalhadores, a qual somos filiados. Este foi um marco do movimento sindical na luta por uma outra estrutura: horizontal, classista e combativa. Os anos 90 representaram um dos auges do neoliberalismo no Brasil, com a privatização da Vale do Rio Doce, o aumento da inflação e da fome. O Brasil vivia um cenário devastador de desemprego, sucateamento das estatais e alta dos preços dos alimentos e serviços, além de uma forte redução dos postos de trabalho na engenharia e crescimento da informalidade e das terceirizações.

25 anos depois e este cenário neoliberal de desemprego e desnacionalização da economia e da engenharia se repete. Vivemos, em 2018, o choque ultraliberal na economia, como alertam especialistas. Após o golpe ao mandato da presidenta Dilma Rousseff legitimamente eleita com 54 milhões de votos, um grupo de políticos e uma elite das togas assumiram o controle do país para entregar nosso patrimônio. Novamente, corremos o risco do engenheiro virar suco e o país voltar ao Mapa da Fome, como na década de 90.

Embora o Brasil tenha retomado o desenvolvimento com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de 2002, o país passa, hoje, por uma de suas piores crises institucionais. Com Lula na presidência inauguramos um momento histórico de distribuição de renda com o Bolsa Família. Furamos a bolha das elites nas universidades, incluindo pobres e negros com as cotas. Criamos uma política nacional de indústria naval com estaleiros e geração de empregos na engenharia e na indústria. A exploração do pré-sal completou dez anos em setembro, uma das descobertas mais importantes do século com efeitos em todo o mundo. Graças ao investimento em ciência, pesquisa e tecnologia, a equipe liderada pelo geólogo Guilherme Estrella desenvolveu uma técnica para exploração de petróleo em águas profundas.

Todas essas conquistas só foram possíveis pela vontade política de governos comprometidos com a engenharia, o desenvolvimento e a soberania nacional, como foram os de Lula e Dilma. Hoje, vemos o presidente Lula, cuja aprovação social é uma das maiores da história desse país, preso. Uma prisão política administrada por juízes e meios de comunicação que têm interesse em privatizar nossas empresas, fazer a Reforma da Previdência e entregar nosso patrimônio público ao capital estrangeiro.

Nestas circunstâncias de enfrentamento ao projeto neoliberal, a engenharia cumpre um papel protagonista de resistência. Cabe também a nós, engenheiros e engenheiras, debater e formular nossa contribuição para um outro projeto de nação. Temos grandes responsabilidades para o próximo período. E com grandes responsabilidades, acumulamos tarefas de resistência.

 

Fonte: https://www.fisenge.org.br/index.php/publicacoes/revista/item/5417-em-movimento-n-27